sexta-feira, 29 de novembro de 2013

fragmentos

Pedaços dos que não tem pedaço
Não quero ser universal
Tolstói! dores em minha aldeia!
Há ex-meninos, ex-homens
pedaços dos que não tem pedaço
Onde nas praças há um exército
dormindo em caixas de papelão
Onde há um aviso: cuidado frágil
Não é sátira nem virtual
Sísifo global...
Feridas em minha aldeia
O trinômio hoje é outro: guerra,droga e fome
Estamos na era das chacinas
Pensamos muito... porque plantar árvore
se não vemos seus frutos?
Porque ensinar meninos se não vemos homens?
Em nossas praças tropeçamos em pedras
Estamos mumificados em nossas teorias
Seres franzinos juntam latinhas,elas
se transformam em pão,pó e pedra
Não há tempo, era da velocidade
Não se brinca, não há sorriso
Há dias que não somos capazes
Voltemos amanhã, será que haverá?
Nos falta continuidade...
Quem irá viver a sombra do que plantamos
Se é que plantamos?
Dê seu pedaço a quem não tem pedaço
Deixemos nossas redes virtuais
Precisamos pescar homens
Mesmo na ausência do mar
Ancaremos nosso barco no céu
Há vidas em nossas portas
Estamos afetados e infectados
Já dormimos por demais
Há um inverno aqui dentro
E mais frio lá fora.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Pés Que Trazem Boas Notícias, poema de Elio Roldan Anderson



Como são formosos, os teus pés,
missionário, que veio me falar do Evangelho.
Mesmo com essas feridas, cicatrizes e deformações
Os teus pés são muito bonitos.

Foi maravilhoso vê-lo chegando,
dolorido, o corpo exausto,
alegria imensa,
trazendo a notícia...

- Jesus nasceu,
- Jesus morreu,
- Jesus ressuscitou.

E eu, naquele dia, ouvindo mais uma vez essa notícia, 
pus-me a cismar:
Ah, eu não cria, eu não queria acreditar que Jesus, 
o Cristo, é Deus, 
e morreu em meu lugar.

Imaginava no coração o que eu havia aprendido
Achava que eu é quem pagaria por tudo o que havia vivido
E que não havia outro jeito, e, com tudo o que eu tinha feito...
Como é que eu iria pagar?

Imaginava que Deus fosse apenas uma força enorme,
Nunca uma pessoa; e se o fosse, como é que me veria?
Olhar para mim, me amar? Impossível, eu garantia.
E assim eu persistia, vivendo como um verme

Depois do que você me disse, eu fiquei preocupado
Ajoelhei-me, sozinho, em um banco apoiado.
E, na capela vazia, comecei a falar...

“Jesus! Se você é Deus, como me diz esta pessoa,
Eu te peço, me perdoa se não consigo acreditar”
E ali, ainda prostrado, as lágrimas a correr,
Comecei a falar de mim, e tudo eu lhe falei

Falei dos meus desacertos, e dos sonhos que vi morrer,
das tristezas, desenganos, sobre nada eu me calei
Falei do mal que fiz às pessoas, e a quantos decepcionei...
Falei da minha família, daqueles que abandonei

Jesus! Se, de fato, tu és Deus, como dizem estas pessoas
Revela-te, me toca!  Renova a esperança em mim.
Eu preciso ser tocado, curado, perdoado, aceito,
Já não creio mais em mim... Só tu podes dar um jeito.

E, à medida em que falava, eu o sentia mais perto,
E de repente, todo aperto, que eu sofria, se foi
Fui inundado pelo amor que de Jesus emanava
Diante dele eu chorava...
Foi assim que o encontrei.

Tudo mudou então, e nada mais eu temia
Seu sacrifício, que envolveu tanto sofrimento,
Não foi só para aquele momento, mas foi eterno, universal.
Morreu pelo ser humano de qualquer época ou lugar,
E, mesmo tão diferentes, por Sua morte, nos tornamos iguais.

Renova tua esperança, pois existe uma saída...
Estou contigo, meu filho, você não precisa temer
Apenas creia, sossega, renovarei tua vida
Vou curar tuas feridas, você não precisa sofrer

Aquele foi o início de uma vida transformada
A esperança renovada... Agora eu já tinha a paz.
Jesus abriu os caminhos, e mostrando que me amava
Me deu o que eu precisava, e hoje eu não choro mais.

Obrigado, missionário,
Evangelista, pregador
Que Deus abençoe tua vida
E retribua tanto amor.


“Quão formosos são, sobre os montes, os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, do que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, do que diz a Sião: O teu Deus reina! “

Isaías 52:7

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domingo, 10 de novembro de 2013

VIA SACRA

VIA SACRA

                      …… Só vou por onde

Me levam meus próprios passos
José Régio, “Cântico Negro”


Há um caminho por onde vou
e um caminho por onde não vou

pelos olhos doces da legião
pela inquietação segura dos amigos
que tentam dizer que vá por aí
não vou, por aí não vou

um rito sobre as pedras,
o meu caminho é aquele
em que os pés marcham descalços
e se sujam, bastante tendo por fardo
a penumbra dos homens
o caminho em que o pó é feito de arestas

por aqui me levam os meus passos,
quanto mais indecisos mais firmes,
pelo húmus lamacento é que se alevanta
o firmamento

Rui Miguel Duarte
11/11/2013


sábado, 9 de novembro de 2013

"O amor de Cristo nos constrange"








Eu que amei com verdadeiro amor a mulher
Samaritana e aquela que partiu
E derramou o nardo puro no meu corpo e suavizou
Com os cabelos o cansaço dos meus pés

As crianças que me seguiam de longe na sua pequenez
E não cabiam nos altivos olhos das multidões
Eu que as amei com amor verdadeiro e quis salvar
Os homens dos dias implacáveis da ira
Azular corações com a profundidade dos céus
Tive que apertar nos dentes as dores
Atrozes dos cravos nas mãos e nos pés
E dos espinhos
Da coroa que me rodeou a cabeça.


9/11/2013
© João Tomaz Parreira

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Sem Sentido

Uivam as cidades,gemem os homens
Serpentes ardentes voam no asfalto
Assolação da destruição!
Uivam todos,soberbos e tiranos
São horrendos nossos dias
Um bloco negro de já havia em nós
invadiram as ruas
Feito língua de sapo
Contida quando alimentada
por roupas de marcas
Exposta quando busca seu mosquito
mau por mal
Não mostram suas caras
Não é preciso
São pelos frutos que se conhece a árvore
Uivam as cidades em busca de um culpado
Os homens escondem seus rostos
"Se me ouvires comereis o melhor da terra"
Coração negro, face escondida
Black bloc, tênis negro da Nike
Não haverá mais cidades
O mal tornará estopa
Sua obra faísca
Ambas irão arder
Como fugir? para onde fugir?
Só se vence o mal com o bem
Isto é para White bloc
Dos que não escondem suas faces
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